Vera Seco
47 anos, atriz e professora de teatro, há 26 anos atuante na área, abriu parte de sua trajetória em uma entrevista para a PONTO.Cult.
“ O fundamental é o comprometimento com o humano e com a arte, porque com ele vem o resto que precisa... amor, responsabilidade, paixão, cuidado... E para os futuros atores, nunca deixem de acreditar, estudem bastante, sejam sábios, sejam essência, a arte não é temporária é para uma vida toda.” diz Vera.
A atriz conta que não planejava fazer teatro, tão pouco sonhava com isso, apenas foi levada pelo “destino”, experimentou, se encantou e não pôde mais ficar longe dos palcos.
Nascida em Barracão-RS, ainda menina morou em Lagoa Vermelha-RS, ficou um tempo em Caxias do Sul-RS, em seguida viajou para Joinville-SC onde morou por 18 anos e teve sua filha, também chegou a morar em Barra do Sul-SC e há sete anos está de volta à Caxias, mas afirma que não costuma criar raízes e não sabe se continuará por aqui ou por quanto tempo.
Sua carreira como profissional dessa arte se iniciou aos 22 anos, quando mudou-se para Joinville e conheceu um grupo com, pelo menos, 30 integrantes no elenco, passou por um teste e foi aprovada.
Mas não pensem, leitores, que a vida de ator é sempre tão bela, a Vera nos relatou que para não comprometer o elenco e o público, já precisou atuar mesmo passando muito mal, literalmente entre cenas e vômitos. Também, por sobrecarga, esteve em depressão profunda, sem poder deixar seus grupos, por ter compromisso com os mesmos. Certa vez também, teve a necessidade de ficar um ano afastada dos palcos, sem perspectiva de volta.
Certamente existe um lado maravilhoso também, conforme ela nos relatou a respeito de suas melhores experiências profissionais.
“Puxa!! Sempre acho que a melhor ainda pode estar por vir!Bem, o primeiro espetáculo é sempre inesquecível, afinal é a estreia, sem contar que sou encantada até hoje pelo diretor, ele se chama Borges de Garuva.
Mais tarde, fiz um espetáculo cheio de energia quando estava grávida, o trabalho teve a duração exata dos nove meses entre ensaios e estreia. Sensação única.
Ah, houve também um domingo à tarde em Joinville, em que andei sozinha pelas ruas interpretando um menino de rua e as pessoas não percebiam que eu era uma mulher! Estava sozinha improvisando e interagindo com as pessoas, sentia meus pés no chão e uma leveza muito grande, uma sensação única de liberdade. Como poder sair deste mundo mesmo estando nele. Acho que essa foi a melhor, proporcionou este encontro perfeito entre a realidade e a fantasia, ou vice versa.”
Vera diz não ter paciência para dirigir trabalhos, prefere aprender com outros profissionais, descreve a atuação como algo mágico, porém confessa que sua paixão é inserir pessoas nessa arte, o faz com a alma.
Nômade em muitos sentidos, não costuma se fixar em locais de trabalho, mas atualmente está no Ponto de Cultura UAB Cultural, como oficineira e coordenadora, também dá aula para uma turma de crianças, que descreve como encantadas, na Escola Santa Maria Goretti, pelo quarto ano faz um trabalho temporário para a Escola de Teatro Tem Gente Teatrando, coordena um Grupo de Estudos Teatrais e está se preparando para ir à Brasília em Julho, fazer parte de um projeto sobre a vida do jogador de futebol Mané Garrincha.
Atualmente, Vera não faz parte de grupos, mas destaca que coordena o Grupo de Estudos Teatrais e carrega a convicção de que alguns serão futuros atores e estarão em breve inseridos no contexto artístico de Caxias do Sul.
Para finalizar, a atriz e professora nos deixou belas palavras. “O fundamental é o comprometimento com o humano e com a arte, porque com ele vem o resto que precisa... amor, responsabilidade, paixão, cuidado... E para os futuros atores, nunca deixem de acreditar, estudem bastante, sejamsábios, sejam essência, a arte não é temporária é para uma vida toda.”
Gabriela Soares
Foto: Arquivo pessoal