Daniel Andrade (Site do Dani)

Daniel Andrade, criador do Site do Dani, parceiro da Morphine Produções, fotógrafo dos shows e de 14 festas fixas semanais, abre sua trajetória para o público da PONTO.Cult!

"Caxias estava carente disso, contem sempre comigo, o site está aberto para vocês sempre que precisarem.”

Diz o fotógrafo que, acabou “caindo de paraquedas” nessa profissão, sem influências e indo pelo caminho oposto ao que todos iam. Em 2002, quando tudo começou, o forte da internet era o chat do site Terra, onde as pessoas conversavam, mas não havia a possibilidade de ver fotos, então criou o Site do Dani com o intuito de gerar perfis de quem entrava no chat. Em 2005 surgiu a ideia de entrevistar artistas que visitavam a cidade, para agregar novidades ao site, o que durou até o ano seguinte.

Em 2006, com um convite de Ademir Nunes (Proprietário da Morphine Produções) para fazer fotos do público em festas e shows, acabou gostando da ideia e aos poucos, com a paixão que adquiriu por essa arte, foi deixando as entrevistas e ficando apenas com as fotos.

Modesto, apesar do vasto currículo, Dani diz ter muito ainda a aprender e se considera apenas um clicador.

Quando questionamos sobre a organização de eventos, ele brinca “Sempre me envolvi de metido, para aprender, ver como funcionava, dando palpites...”. Hoje, com a equipe da Morphine, é sempre parceiro nos shows nacionais da região, em função da credibilidade e experiência que adquiriu ao longo de 8 anos e mais de 400 shows nacionais. Além da cobertura fotográfica, realiza sorteios de pulseiras de camarins e ingressos, pesquisas de mercado sobre possíveis shows e divulgação, entre outras funções.

O trabalho de Daniel não para por aí, além dos mais de 8 shows mensais (em Caxias e região), ele fotografa em 14 festas fixas por semana de quarta à domingo. Já fez 9 matérias no SBT em São Paulo como convidado, tem mais de 100 artistas nacionais parceiros do site e uma marca conhecida praticamente em toda a Serra Gaúcha, fatos que lá no começo, ele nem imaginava que pudessem acontecer.

Dani nos conta com orgulho sobre as experiências inesquecíveis, que a profissão proporcionou a ele.

“Como bom apreciador de rock, meu sonho era trabalhar com Capital Inicial e Paralamas do Sucesso -as bandas que eu amo-, tive a oportunidade de trabalhar diversas vezes com ambas as bandas, inclusive criar vínculos com eles depois de tantos trabalhos, coisas que eu não imaginava que pudesse acontecer há 8 anos, quando eu ouvia o cd no meu carro velho. Outro sonho foi, ano passado, ter sido o fotógrafo oficial das turnês de Edgar Vivar (Senhor Barriga) e Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha) pelo Brasil. Cresci vendo Chaves e o fato de trabalhar com eles foi algo que eu realmente demorei algumas semanas para acreditar e até hoje ainda me arrepio de lembrar os momentos no camarim com ambos antes dos shows conversando como se nos conhecêssemos a anos.”

Nos relata que a única dificuldade é não ter finais de semana nem férias, mas considera o trabalho prazeroso e diferente, sempre vendo pessoas diferentes, nunca caindo na rotina. Não pretende parar tão cedo, mas destaca que a internet traz constantes mudanças, se tornando difícil de acompanhar e prever até quando esse trabalho pode ser atrativo e conclui “Quando a gente passa dos 30 já fica mais complicado errar... Temos que dar tiros certeiros!”

Para finalizar, rolou um papo sobre cultura, confira a posição do fotógrafo, que mais do que ninguém, acompanha de pertinho o que acontece na cidade.

“Sinceramente acho o cenário cultural caxiense péssimo ainda. Falta apoio para a cultura realmente se difundir. Temos artistas como Juliano Moreira, Dan Ferreti, Rafa Schuler, Rafa Gubert, os irmãos Viegas e o próprio Paulo Schroeber (guitarrista falecido em março desse ano) entre tantos outros e essa galera nunca teve o devido valor e muito menos uma mídia forte para que os trabalhos decolassem. Esses caras são artistas nacionais, são caras que em qualquer cidade seriam mais respeitados pelo trabalho maravilhoso que tem, mas nossa "mídia" prefere virar os holofotes para o brega, o vulgar, o que vende mais, o que é fruto da nossa cultura como público também. Fizemos shows de Caetano Veloso, Zé Ramalho com 700 pessoas e shows do Thiaguinho com 15 mil, isso resume um pouco do cenário atual, o público prefere o apelativo, o "te jogo na cama, o pretinho pega várias e bla bla bla", o que transforma as mulheres em objeto, mas mesmo assim segue sendo a preferência de todos, inclusive delas.

E quanto a PONTO.Cult, sigam fazendo esse trabalho maravilhoso que vocês tem feito. Sou meio "tio" já pra dizer isso, mas vocês, jovens, tem ainda esse gás pra fazer as coisas acontecerem. Me orgulha ver que a juventude de hoje ainda tem inteligência e não está alienada em novela, BBB e funk, a idéia de vocês é sensacional, Caxias estava carente disso, contem sempre comigo, o site está aberto para vocês sempre que precisarem.”

Gabriela Soares

Foto: Arquivo pessoal